Especial de 25 anos de One Piece: Conheça Sanji.

A tripulação dos Chapéu de Palha já fez muitas coisas fantásticas durante suas aventuras na Grand Line e além, mas uma coisa sempre permaneceu verdadeira: eles precisam comer. Ninguém pode se tornar o Rei dos Piratas com o estômago vazio... e é aí que entra o nosso chef Sanji.

O homem de sobrancelhas encaracoladas sempre consegue preparar algo delicioso na cozinha do Thousand Sunny, algo que sempre enche a barriga de sua tripulação e lhes dá energia para mais um dia cheio de aventuras!

Ah, esqueci de mencionar que ele é o filho perdido de um monarca bélico. Isso parece importante, né? Ah, e ele também é tão hábil em chutes e movimentos de pés sofisticados que ganhou o apelido de “Perna Negra”. Isso também é muito importante.

A cada mês, mergulharemos profundamente em um membro da tripulação pirata de Monkey D. Luffy e exploraremos a história de seus personagens, os temas que eles representam e porque os fãs de One Piece passaram a amá-los tanto nas últimas duas décadas e meia.

Como destaque deste mês, falaremos sobre o companheiro de tripulação mais apaixonado dos Chapéus de Palha: Vinsmoke Sanji. Ele pode não ter muita sorte com as mulheres, mas certamente conseguiu fazer seu nome em alto mar como um dos aliados mais valiosos de Luffy!

Quando conhecemos Sanji pela primeira vez, ele é o sous-chef a bordo do magnífico restaurante flutuante Baratie. Não demoramos a descobrir que ele trabalha com o durão e enérgico chef Zeff, e, embora os dois nem sempre concordem, Sanji tem uma grande dívida com Zeff. E isso não é só porque Zeff compartilhou muitos de seus ensinamentos sobre a vida, mas também porque ele salvou Sanji quando os dois escaparam juntos de um navio que afundou. Isolados em uma ilha, Zeff deu a Sanji toda a comida que os dois tinham enquanto esperavam por um resgate. Para a surpresa de Sanji, tudo o que Zeff guardou para si foi um saco com dinheiro, que um dia usaria para abrir seu próprio restaurante. E como Zeff conseguiu sobreviver sem comida naquela rocha desolada? Bem, quando finalmente conseguiram escapar, Zeff já estava sem sua perna direita.

Apesar das brigas aqui e ali, Sanji sempre honrou e respeitou Zeff. Mas ele sonhava com algo maior, algo que havia lido quando criança: o All Blue. Era o sonho de todo chef, um lugar onde se poderia encontrar todos os peixes (deliciosos) do mundo. Quando Sanji conheceu Luffy, o capitão da tripulação dos Chapéus de Palha o incentivou bastante. Eventualmente, Sanji partiu com Luffy, mas não sem antes agradecer a Zeff por tudo o que ele havia feito.

Mas a história de Sanji não para por aí. Com o tempo, descobrimos que Sanji é filho de Vinsmoke Judge, o governante do Reino Germa. Um gênio científico e um líder implacável, Judge chegou ao ponto de transformar seus próprios filhos em super-soldados, que muitas vezes se deleitavam com sua crueldade recém-descoberta à medida que cresciam. Sanji, de coração mais bondoso, era frequentemente o alvo das suas provocações, e até que Judge passou a desprezar o garoto. Sanji cresceu isolado e com medo, sonhando com um mundo onde as pessoas se ajudassem em vez de atacarem umas às outras. Quando teve a chance de escapar, ele a aproveitou e abandonou o nome “Vinsmoke”. No que diz respeito a figuras paternas, parece que Sanji se identifica muito mais com Zeff do que com Judge.

Durante a batalha de Onigashima, Sanji enfrentou um dilema sobre usar ou não sua Raid Suit, uma peça de tecnologia criada por seu pai distante que aprimorava suas habilidades (como permitir que ele ficasse invisível). O uso dessa tecnologia tinha certos efeitos sobre Sanji, aspectos físicos que ele temia que poderiam fazê-lo perder sua essência... Ele estava tão assustado com isso que pediu a Zoro para lhe atacar caos ele começasse a perder sua humanidade. Zoro, que é amigável com Sanji todo dia 30 de fevereiro, aceitou sem hesitar. Mas esse pânico revela muito sobre o que Sanji valoriza e o que seu personagem representa.

Para Sanji, cozinhar não é apenas um trabalho. É uma manifestação de sua filosofia: que todos devem ter a chance de comer e, portanto, serem bem cuidados. É uma reação à sua experiência na infância, quando foi deixado com fome e indesejado por um pai que pouco se importava consigo. Graças a isso (e ao aprendizado com Zeff), Sanji foi moldado a acreditar que até mesmo as pessoas que parecem menos merecedoras merecem se alimentar. É por isso que ele está mais do que disposto a alimentar Gin e o vilão Don Krieg no arco do Baratie — abandonar essas pessoas seria se tornar como seu pai biológico.

Para Sanji, cozinhar é um ato de bondade. E perder um valor que ele tanto preza a ponto de se recusar a usar suas mãos em combate significaria perder tudo. Quando Sanji se separou momentaneamente de Luffy no Arco da Ilha Whole Cake, ele ainda voltou para alimentar seu ex-capitão faminto. É algo do qual ele não consegue se afastar, então mesmo quando Sanji está com raiva ou parece agir de forma irracional, ele inevitavelmente retorna para isso. Mesmo que não se considerem heróis, cada membro do bando dos Chapéus de Palha tem uma maneira única de espalhar bondade pelo mundo, e o método do Sanji através de sua comida.

Na maioria das vezes, cozinhar é considerado uma habilidade bastante útil. Fazemos isso para satisfazer uma necessidade biológica essencial, que mantém nosso nível calórico, regula nosso corpo e evita que fiquemos profundamente irritados pela fome. Mas também é um ato de amor; pergunte a qualquer pai que tenha preparado uma refeição para seu filho, a qualquer pessoa que tenha aprendido uma nova receita que seu companheiro gosta, ou a qualquer chef que esteja experimentando um novo prato pela primeira com esperança de impressionar seus clientes. É um ato de amor, de agrado, em sua forma mais pura.

É doloroso ver pessoas passando fome, e não poder fazer nada a respeito é um dos sentimentos mais impotentes que se pode ter. Nós nos conectamos com a fome em um nível constante e primitivo.

Sanji está longe de ser perfeito. Ele leva o termo “romântico incurável” a um extremo, com todo o drama e sangramentos no nariz que acompanham. Mas vê-lo cozinhar para todos, desde potenciais vilões até a tripulação que ele tanto gosta, inspira uma verdadeira esperança. Há algo maravilhoso em seu sentido abrangente de moralidade; ninguém está imune à bondade e ao prazer de uma refeição gostosa. E o fato de que isso não é algo com o qual ele luta, mas algo que ele faz instintivamente, é um exemplo de amor como um direito básico da humanidade, algo que te preenche e te mantém firme por mais um dia. Algo que é sempre oferecido, mas nunca questionado se merecido ou não.